Saí da estacao Hauptwache de metro após a vitória alema por 3 a 2. Ao alcancar o último degrau, nao podia acreditar nos meus olhos nem nos meus ouvidos. A maior multidao que já vira ali ocupava a praca e a rua inteira. De um lado dela, um torcedor sentava-se em cima do semáforo de pedestres e sacudia com entusiamo a bandeira alema. Do outro lado, um tocedor escalava o semaforo dos caros agitando uma bandeira da...Turquia. Embaixo, misturavam-se dezenas das mesmas bandeiras, sacudidas por torcedores que entoavam o hino da noite "Türkiye, Deutschland! Türkiye, Deutschland!" Por essa ninguém esperava...
Policiais. Estes seriam o assunto da noite. Mas juro que o primeiro que eu vi estava de longe com uma camera na mao, só filmando o "espetáculo". Sim, claro, havia muitos, no mínimo o triplo do contigente normal em partidas. Alemanha e Turquia?? Pancadaria! Era necessário reforcar o policiamento. Nos dias e nas horas precedentes ao jogo, em todo lugar, só se ouvia falar nisso. Incrível como nem condicao técnica dos times nem nada de futebolístico era discutido.
Era como se aquele conflito velado entre os nativos e os que sao maioria entre imigrantes, entre eu trablaho em escritório e voce no MC Donalds, entre oriente e ocidente, membros da uniao européia e "novos bárbaros", cristoes e muculmanos, tivesse que enfim ser encarado e assistido. Estava alí, em campo, personificado pelo futebol. Acho que os proprios torcedores, de ambos países, se surpreenderam com a total falta de necessidade da polícia para "intermediar" a festa entre as partes.
E festejaram bonito! Era aelamo de moicano tricolar tocando samba (custei a reconhecer a música "O Brasil, do meu amor, terra de nosso Senhor.."), engravatado escalando poste para pendurar bandeira no topo, banhos de cerveja e todos cantando junto "So sieht Sieg aus! Schalalalalalala!" (esta é a aparencia da vitória) ou entao "Finale, oooo! Finale, oooo!" (parafrase da cancao italiana "Cantare, Volare") Os que tinham bandeiras de cada um dos países, atendiam eufóricos aos pedidos de turistas e jornalistas de juntarem-se para fazer uma foto. Chiara, amiga italiana, dona de uma daquelas cameras, chegou até mim com os olhos brilhando. "Madonna! Me veem arrepios. É uma cena que vou me lembrar pela vida inteira".
quinta-feira, 26 de junho de 2008
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