quinta-feira, 12 de junho de 2008

E aos 47 do segundo tempo...Türkiye!

"Türkiye, Türkiye, Türkiye!" Os gritos eram entoados por torcedores com caras pintadas, camisetas vermelhas, buzinas, tambores e aquelas bandeiras vermelhas com uma lua e estrela ao centro. Muitas bandeiras. Em número ou em tamanho elas eram no mínimo tres vezes mais que as alemas no domingo passado, depois da vitória avassaladora contra a Polonia.

Estamos na Hauptwache, regiao central da cidade alema de Frankfurt am Main, e é inevitável nao comparar a festa das torcidas nesses dois dias. No fim de semana, a volta instantanea e quase silenciosa para a casa. "É que amanha é segunda-feira, muitos precisam trabalhar", comenta um amigo alemao. Nesta quinta-feira, o buzinaco de carros e motos é ouvido de longe. A música e os gritos ritimados da torcida, idem. Comento a diferenca com um rapaz ao meu lado. Ele observa entre risos "mas acho que nao há mais alemaes que turcos nesta cidade".

A torcida usa de toda a sua ciatividade para comemorar. Na entrada do metro, fazem uma "roda de samba", que na verdade toca danca do ventre. Os Homens entregam-se à danca. Um rapaz nos seus vinte anos, bandeirinhas turcas pintadas no rosto e lenco vermelho na cabeca, se poe a rebolar no meio da roda. Logo, logo ele levanta a camisa número 10 e mostra como os turcos sabem mexer a barriga. É imediatamente acompanhado por um colega. As mulheres vao ao delirio e se juntam à festa. Eu decido o destino da minha próxima viagem.

As demosntracoes de euforia nao param por aí. A bandeira nacional turca vira lenco de cabeca para as torcedoras mulcumanas. Ela é também pano da "tourada" com pedestres e carros que passam, enclusive um da polícia. Oops! Esse recebe tratamento especial: o torcedor coloca um cachecol da Turquia no para-brisa, vira de costas e mostra que nao é só o Brasil que sabe mexer a parte de trás. Todos os carros que passam trazem no mínimo uma bandeira e, no mínimo, uma pessoa pendurada na janela ou sentada no teto solar para sacudir essa bandeira.

Na praca, um grupo de torcedores sauda-se com um particular gesto de mao, que lembrava aqueles de show de rock: o dedo polegar une-se ao médio e anelar, enquanto o mínimo e indicador apontam para cima. Pergunto a um dos espectadores o que aquilo significava. "Esse gesto é proibido!". Por que? "Representa o nacionalismo turco. Nao tao forte como a saudacao de Hitler, mas nessa direcao.."

Em seguida, vejo o rosto de uma homem estampado em uma das bandeiras. Quem é? "Mustafa Kemal. Ele criou o Estado turco, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, quando as potencias européias dividiam a Turquia. Foi o primeiro presidente do país". Nao pude nao perguntar ao meu informante, que identificara-se como croata, como ele sabia de tudo aquilo. "Meu melhor amigo é turco".

Olho no relógio. Uma e meia da manha. Faz frio e vou fechar a janela. Ouco um barulho na escuridao do gramado. "Estamos te encomodando, Kívia?" Era o meu vizinho, com outras duas pessoas. Cada um traz uma bandeira da Turquia. "Nao, nao...estou ouvindo música ... e escrevendo sobre voces". Risos. "Entao vem aqui embaixo comemorar com a gente!"

2 comentários:

Elias disse...

Hehehehe...muito boa sua narrativa ! Pena que hoje deve ter sido um pouco diferente, após o chocolate que a Alemanha tomou da Croácia !!! Viva os eslavos...rs

Beijos,

Igor

PS: concordo com o Fábio, manda aí umas notícias "de perto e de dentro" (como se diz na Antropologia) da Eurocopa !

Elias disse...

não seria "não hesite" ?