quarta-feira, 28 de maio de 2008

Boemia e jazz na Charles Bridge

Aqui presenciei uma das cenas mais bonitas da minha viagem. Era domingo à tarde, ainda inverno, mas o sol brilhava bem forte. Centenas de turistas, peregrinos da fé católica e da boemia, se misturavam naquela ponte, famosa por ser casa de 12 estátuas neoclássicas dos profetas e de muitos artistas itinerantes - e que artistas...

Ouco Jazz. Deixo-me levar pela música...chego a uma multidao. Sim, a música era muito animadora, o cantor carismático, contra-baixo afinado , mas, por que tanta gente ali?? Cheguei bem perto pra ver. Pude destinguir uma coisinha vermelha entre os artistas e o público. Uma lata pintada onde os jazzistas recebiam moedas de todas as prtes do mundo (incluindo meus euros). Nao sosseguei enquanto nao consegui um lugar na primeira fila.

E eis que vejo o motivo de tudo aquilo: uma crianca. O pirralho, do alto dos seus dois anos de idade, animava os turistas com seus "passinhos" de danca ultra-criativos, incluindo descer até o chao (o que ele tirava de letra), jogar os bracinhos pra cima frenéticamente, parecendo querer convidar os outros a seguí-lo. Bom, pelo menos com lentes os outros correspondiam ao "chamado". Contei umas 10 cameras mais 3 filmadoras. Eu estava entre os que se ajoelhavam para poder registrar aquela inesquecível cena à sua altura.

De vez em quando, nosso artista ousava, fechava a tampa da latinha de moedas e improvisva uma batera . Aí a mae tinha que intervir. Mas, bastava ela interomper a "arte" do filho, que ele reagia com lágrimas e gritos. Os outros caiam na risada. Eu, que passei o inverno inteiro reclamando que as pessoas se trancam em casa ou em cafés onde a água custa 3 euros, vivia um momento de jóia. Lembrava de como nós brasileiros somos barulhentos e pensava que nao há campo mais fértil para a criatividade que a rua, a beraido do rio, a praca. Arte brota da improvisacao, do inesperado; da vontade fervente de se manifestar, interagir e ir sendo feliz ao longo das descobertas. Nao pode ser regulada por precos, prazos e paredes.

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